Igreja da Inglaterra Convoca Reunião de Altos Investidores para Analisar a Segurança de Barragens

A Igreja da Inglaterra e uma coalizão de investidores com ativos combinados de mais de 3 trilhões de libras esterlinas receberam com satisfação um anúncio sobre a segurança da barragem de rejeitos pela empresa global de mineração BHP. A coalizão, que inclui a Diretoria de Pensões e a Comissão de Bens Imóveis da Igreja da Inglaterra, fez uma convocação conjunta no mês passado por um “sistema global de classificação pública independente” para barragens de mineradoras, após o colapso da barragem da Vale em Brumadinho, Brasil. O número de mortos confirmado pelo desastre é de 169 pessoas; com um acréscimo de 141 ainda não identificados.

Barragens de rejeitos contêm subprodutos da mineração. Têm surgido questionamentos sobre a sua segurança, pois as paredes das barragens de rejeitos são frequentemente construídas sobre a lama dos resíduos de mineração em vez de terra firme. Em 2015, cerca de 19 pessoas morreram quando a barragem do Fundão, em Mariana, desabou, destruindo a pequena cidade brasileira de Bento Rodrigues. O governo brasileiro anunciou ontem (segunda-feira) que nenhuma nova barragem de rejeitos pode ser construída a montante; e as estruturas existentes devem ser desativadas até 2021.

Os organismos de investimento da Igreja da Inglaterra estão trabalhando com fundos de pensão pública suecos, os fundos holandeses APG e Robeco, Super da Nova Zelândia, o LGPS Central do Reino Unido e o fundo canadense BMO Global Asset Management para reivindicarem novos padrões de segurança.

Os investidores estão propondo que o novo sistema seja independente das empresas e exija auditorias anuais de todas as barragens de rejeitos, bem como a verificação de que os mais altos padrões de segurança estejam sendo implementados. Todos os relatórios devem ser divulgados através de um banco de dados acessível que comunidades, governos, a sociedade civil e investidores possam acessar.

Hoje, a BHP disse que apoiava a convocação e disse que está acelerando medidas para melhorar a segurança em suas 115 barragens de rejeitos. Elas estão localizadas em sete locais em operação na Austrália e no Chile, com mais sete locais fechados na América do Norte e quatro joint ventures não-operacionais na América do Norte e na América do Sul. A companhia disse que 47 de suas barragens foram construídas usando o método a montante – 13 delas estão ativas.

“A BHP continuará acelerando seu trabalho junto à indústria para avançar na ciência e tecnologia necessárias para melhorar a segurança das instalações de armazenamento de rejeitos”, disse a BHP em uma mensagem aos acionistas. “Isso inclui fluxos de trabalho existentes, como tecnologias de alerta antecipado, melhores modelos e monitoramento de possíveis tipos de falha, opções de desaguamento de rejeitos e viabilidade de armazenamento de rejeitos secos em escala.

“A BHP se reunirá com vários órgãos globais neste mês para agilizar esse trabalho. A BHP dá as boas-vindas a um órgão comum, internacional e independente para supervisionar a integridade da construção e operação de todas as instalações de armazenamento de rejeitos em toda a indústria.

“Além disso, a BHP apóia a maior transparência na divulgação do gerenciamento de rejeitos e trabalhará com o setor para garantir que a divulgação seja aplicada de forma consistente e informe melhor a gestão de barragens de rejeitos”.

Acolhendo o anúncio, o Diretor de Ética e Engajamento do Conselho de Pensões da Igreja da Inglaterra, Adam Matthews, disse: “comunidades, trabalhadores, bancos e investidores precisam da garantia de que as melhores práticas se tornarão o novo requisito mínimo em todo o setor da mineração. Independência e transparência serão fundamentais para que se restabeleça a confiança e, como investidores, esperamos desempenhar nosso papel no trabalho com especialistas globais e com a indústria no atendimento da demanda que fizemos ”.

O bispo de Birmingham, David Urquhart, presidirá uma reunião de alto nível com investidores, grandes especialistas globais e representantes sênior da indústria em Londres, em 4 de abril, para fazer avançar a convocação dos investidores.